Acordei de manhã cedo para ir às aulas. Olhei a janela e a claridade estava feita de luz baça e ténue. Fazia frio lá fora. Vesti o meu casaco preto, de Inverno, e apertei-o bem contra mim para que não entrasse nem um bocadinho de frio.
Hoje é daqueles dias que só apetece ficar na cama a ler e a comer chocolates com alguém bem quentinho e enroscadinho em ti...
Lembrei-me do meu banho de chuva. Já não sei quando foi, ando um pouco perdida na barra cronológica, mas talvez o quando também não seja o mais importante.
Estava nas Ramblas e olho para o céu, como aliás costumo fazer, gosto de observar o céu, e vi que uma tempestade se aproximava. Não quis saber e continuei o meu caminho até ao fim das Ramblas, onde depois há um porto. A vontade de ver o mar tinha aparecido logo pela manhã e não era uma tempestade que me ia demover, até porque o mar e a chuva são dois amantes que não se deixam intimidar por observadores.
Remei contra a maré, já que toda a gente corria em direcção ao metro, ou aos prédios mais próximos, e fiquei sossegada em frente ao mar. A chuva caía em bátegas enormes, as gotas eram grossas e espaçadas e parecia que não me conseguiam atingir. Fiquei ali, não sei por quanto tempo, o suficiente para as minhas roupas escurecerem, a ver a chuva cair forte e o mar a flutuar sereno, como se nada fosse com ele. Ela bem queria chamar a sua atenção, cada vez mais insistente, cada vez mais agressiva, mas ele continuava o seu caminho, sem sequer reparar na sua existência. Naquele dia, foram dois amantes perdidos.
Voltei costas e caminhei em direcção ao metro com um sorriso nos lábios.
Wednesday, October 24, 2007
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4 comments:
estas mesmo de chuva...que post lindo.
às vezes sabe bem remar contra a maré... =)
e fizeste tão bem
Setúbal é Mar, Lisboa também é chuva. Barcelona, pelos vistos, é ambas :).
Queremos andar contigo à chuva em Fevereiro!
banhos de chuva, sabem tão bem, ent com o mar como fundo, mlhor ainda*
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